segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ÉPOCA E LOCAL DA ESCRITA DAS EPÍSTOLAS PASTORAIS - Por André Rodrigues


Os movimentos de Paulo e de seus amigos, após a saída do encarceramento romano de Atos 28, são difíceis de se precisar. O melhor é usar a informação disponível e tentar reconstruir o itinerário mais simples. As palavras de Clemente de Roma, em 95 d.C, devem ser tomadas seriamente acerca de Paulo ter trabalhado na Espanha. Isto foi escrito cedo demais, após a morte de Paulo (dentro de trinta anos), para ter sido informação falsa e a igreja não contestá-la. Seja quanto tempo for que Paulo tenha trabalhado na Espanha, crê-se que não se trata de um trabalho permanente. A exiguidade da informação dada por Clemente é entendida pelo contexto da carta que ele escreveu; ele estava escrevendo acerca das mortes de Paulo e Pedro em Roma, não acerca de seus ministérios como tais. A informação contida nas Pastorais é esboçada e as tentativas de se fazer um itinerário preciso são fadadas ao fracasso. O que se sabe das Pastorais pode ser declarado: Paulo esteve em Creta, Éfeso, Trôade, Macedônia, Mileto, Corinto e Roma. O tempo envolvido seria de 60-61 d.C. até uma data desconhecida, após o incêndio de Roma, em 19 de julho de 64 d.C. Se Paulo foi à Espanha e não retornou em seus passos, a simples viagem seguinte poderia ser traçada geograficamente para se conformar ao material contido nas Pastorais. De Roma até a Espanha seria a primeira etapa. De lá, Paulo teria ido a Creta, onde trabalhou por um período de tempo indeterminado. Deixando Tito (Tt 1:5), Paulo foi para Éfeso. É possível que durante esse tempo ele tenha feito uma visita às igrejas no vale do Lico (Fm. 22). Deixando Timóteo em Éfeso (I Tm. 1:3), Paulo foi à Macedônia (provavelmente a Filipos). Enquanto esteve lá, escreveu I Timóteo e talvez Tito, embora seja mais provável que as tenha escrito de Corinto. Ele então teria ido a Trôade, deixando uma capa e alguns livros na casa de Carpo (II Tm. 4:13), para ir a Éfeso e Mileto, onde Trófimo adoeceu e ficou para trás (II Tm. 4:20), e depois para Corinto. Pensa-se que Paulo pode ter escrito a Tito durante essa época, pois planejava ir a Nicópolis para o inverno (Tt 3:12), mas não é certo se o fez. Quando ele deixou Corinto, Erasto ficou para trás (II Tm. 4:20). Em algum lugar Paulo foi preso, depois que a perseguição aos cristãos, conduzida por Nero, começou. Nero, para transferir a atenção de sua própria culpa no incêndio de Roma, culpou os cristãos. A perseguição, que imediatamente se iniciou, foi intensa, e Paulo foi arrastado nela. A prisão pode ter acontecido em Éfeso, explicando, desta forma, a origem da tradição acerca das ruínas de uma torre lá chamada "Prisão de Paulo". A prisão poderia ter ocorrido em Corinto. Ambas estas cidades eram bem zelosas em sua lealdade para com o culto ao imperador, cada uma tendo um templo e sacerdotes para promover a veneração ao imperador. Depois de sua prisão, Paulo teria apelado para Roma, com base no fato de ser um cidadão romano, e teria asseverado seu direito de ser ouvido em Roma. Chegando a Roma, Paulo tinha já tido sua primeira audiência perante o tribunal (II Tm. 4:11,16,21) e esperava ser condenado na segunda (II Tm. 4:6). Durante esse intervalo Paulo escreveu II Timóteo. O inverno mencionado em Tt 3:12 possivelmente seria o inverno de II Timóteo 4:21. Se assim for, é improvável que Paulo tenha ido a Nicópolis, como planejara. Se não é o mesmo inverno, a razão para enviar Tito à Dalmácia (II Tm. 4:10) estaria esclarecida. Uma tradição antiga afirma que Paulo morreu no ano do incêndio de Roma. Isto poderia significar, e provavelmente significa que ocorreu dentro do espaço de um ano. A tradição também afirma que Paulo foi decapitado fora de Roma, na Via Óstia, em 29 de junho. Isto mais provavelmente teria ocorrido no ano de 65 d.C.



BIBLIOGRAFIA


• Introdução ao estudo do Novo Testamento. Hale, Broadus David. Tradução de
Cláudio Vital de Souza. Rio de Janeiro, Junta de Educação
Religiosa e Publicações, JUERP-RJ 1983.

• O Novo Comentário da Bíblia. Editado e organizado pelo Prof. F. Davidson, MA, DD.
Colaboradores Rev. A. M. Stibbs, MA, DD Rev. E. F. Kevan, MTh. Editado em português pelo Rev. Dr. Russell P. Shedd, MA, BD, PhD. Edições Vida Nova-SP

• Bíblia de Estudo Pentecostal. Antigo e Novo Testamento, Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Edição Revista e Corrigida, Ed.1995, Edições CPAD-RJ 2002.

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